quinta-feira, 6 de junho de 2013

Os diferentes tipos de colonização na América

UM RESUMO DOS DIFERENTES TIPOS DE COLONIZAÇÃO NA AMÉRICA

I) A COLONIZAÇÃO INGLESA NA AMÉRICA DO NORTE:

Mapa das Treze Colônias

A colonização inglesa se concentrou na América do Norte. No final do século XVI, os ingleses queriam conquistar novas terras investindo na construção naval e na política mercantilista para acumular riquezas. 
Em 1607, o navio MayFlower chegou na América do Norte, na atual região do Estado de Virginia, onde foi fundada a primeira colônia inglesa. O grande movimento migratório para a América do Norte levou a formação das Treze Colônias e esteve em grande parte relacionado a guerra civil que se instaurou entre católicos e protestantes. Os colonos ingleses que se instalaram na América do Norte desejavam reconstruir a vida que tinham na Inglaterra nas novas terras colônias devido a semelhança do clima e proximidade geográfica, o que justificou um tipo de colonização diferenciado que misturou colônias de povoamento e exploração.
Além disso, a própria Inglaterra contribuiu com a autonomia colonial através da chamada negligência salutar, visto que os lucros com a pirataria e a produção de manufaturas em si contribuíram para a concentração de capitais e o crescimento da burguesia inglesa.
As Treze Colônias possuíam características de colonização diferentes. As colônias do sul ficaram conhecidas como colônias de exploração, onde os colonos investiam na produção de matéria-prima através da monocultura, plantação em latifúndio utilização de mão de obra escrava obedecendo as características do plantion. A diferença entre as colônias de exploração do sul e as colônias portuguesas estava na inexistência do Pacto Colonial, visto que independente do tipo de colonização as Treze Colônias participavam ativamente do Comércio Triangular.

No mapa segue a ilustração do Comércio Triangular. As Treze Colônias enviavam para Europa matéria-prima como tabaco, café, açúcar e algodão, além de manufaturas como o rum; os Europeus enviavam manufaturas para África em troca de escravos e os revendia para as Treze Colônias.

Já as colônias do norte predominou a colonização de povoamento, onde a intenção dos colonos foi reconstruir a vida que tinham na Inglaterra após saírem do país devido à perseguição religiosa. A característica principal das colônias do norte era a presença de protestantes buscando uma nova terra onde existisse mais tolerância religiosa. A colonização de povoamento contribuiu para o surgimento de um sentimento nacionalista e de pertencimento à terra, na medida em que buscou a autonomia econômica e política através da ausência do pacto colonial, da divisão de terras em minifúndios e da produção policultora e diversificada de alimentos e matéria-prima, o que possibilitou a troca, o desenvolvimento do comércio interno, a produção de manufaturas e posteriormente a industrialização.
A colonização inglesa diferenciou-se, em muitos aspectos, da colonização exercida na América Portuguesa e Espanhola devido à negligência da metrópole com o pacto colonial. Enquanto nas colônias britânicas do norte a autonomia colonial contribuiu o desenvolvimento econômico, os portugueses na América optaram por uma prática mercantilista monopolista com a ambição de explorar as riquezas para serem exportadas para metrópole a um preço mais baixo e revendidas na Europa a preços altos. O exemplo das colônias inglesas demonstra que não é apenas o tipo de colonização que define o desenvolvimento econômico e político da colônia, e sim a ação do pacto colonial, que sob as regras do monopolia contribuiu para o atraso e a falta de autonomia colonial.

Fique por dentro áreas que integraram as Treze Colônias:

As Colônias do Norte ou Nova Inglaterra .

§ Província de New Hampishire mais tarde o Estado de New Hampshire.
§ Província da Baía de Massachusetts mais tarde os Estados de Massachusetts e Maine.
§ Colônia de Rhode Island mais tarde o Estado de Rhode Island
§ Colônia de Connecticut mais tarde o Estado de Connecticut

As Colônias Centrais: 

§ Província de Nova Iorque mais tarde os Estados de Nova Iorque e Vermont.
§ Província de Nova Jérsei mais tarde o Estado de Nova Jérsei.
§ Província de Pensilvânia mais tarde o Estado de Pensilvânia.
§ Colônias de Delaware mais tarde o Estado de Delaware.

As Colônias do Sul:

§ Província de Maryland mais tarde o Estado de Maryland.
§ Colônia de Domínio da Virgínia mais tarde os Estados de Virgínia, Kentucky e Virgínia do Oeste.
§ Província da Carolina do Norte mais tarde os Estados de Carolina do Norte e Tennessee.
§ Província da Carolina do Sul mais tarde o Estado de Carolina do Sul.
§ Província da Geórgia mais tarde o Estado de Geórgia.

II) A COLONIZAÇÃO ESPANHOLA NA AMÉRICA:

Os espanhóis, assim como os portugueses, foram pioneiros na expansão marítima em busca de novas terras. A chegada dos espanhóis na América Central em 1492 com Cristóvão Colombo determinou o encontro de culturas muito diferentes e ao mesmo tempo em estágio de civilização muito próximos. Os indígenas que habitavam a América Central e as áreas Andinas desenvolveram grandes impérios e dominavam metais, além de terem um acumulo de ouro, prata e pedras preciosas, o que na linguagem mercantilista significava enriquecimento imediato.

Mapa da distribuição geográfica dos povos pré-colombianos antes da chegada dos europeus na América. Os grandes impérios que se perderam após o encontro com espanhóis foram os incas e os astecas.

A colonização espanhola contribuiu para o genocídio indígena devido a existência de metais preciosos e a diferença cultural. Os indígenas que sobreviveram ficaram reféns do trabalho compulsório nas minas e fazendas (mita e encominda), além de terem sido vitimas da catequização sofrendo um triste processo de assimilação cultural. 
A colonização espanhola na América obedeceu ao modelo de exploração sob a rígida existência do Pacto Colonial e do monopólio da metrópole sob as riquezas existentes na colônia.

Mapa com a divisão de Vice-reinos e Capitanias Gerais que compunham a ordem administrativa das colônias espanholas na América.

O controle administrativo da coroa espanhola era feito a partir das Audiências, do Vice-Reinado e das Capitanias Gerais. As Audiências eram instituições de competência administrativa, judiciária e fiscalizadora instalados nos principais centros da colônia. Os Vice-Reinados e as Capitanias Gerais foram instalados para aumentar o monopólio real sob a mineração e produção agrícola. A Casa de Contratação garantia o monopólio e a cobrança do quinto (imposto) sobre as atividades econômicas realizadas na colônia. 
A administração colonial ficava nas mãos dos altos funcionários que eram espanhóis enviados pela coroa chamados de chapetones; os crioulos eram os colonos nascidos na América donos de propriedades de terras, de minas ou grandes comerciantes. Os mestiços que eram os filhos de espanhóis com indígenas ou os mulatos que eram filhos de espanhóis com negros ou filhos de índios com negros realizavam os trabalhos subalternos, e no fim da pirâmide social estavam os indígenas e os africanos na condição de escravos.

A Pirâmide Social apresenta as hierarquias na colônia espanhola

A mineração era a atividade principal da colônia. Os espanhóis descobriram minas na Bolívia, México, Argentina, Chile e Paraguai. Com o declínio das atividades mineradoras, as haciendas se consolidaram como centro da economia colonial. As haciendas obedecia ao modelo plantation, sendo caracterizada como uma grande propriedade rural monocultora de produtos tropicais voltados para o abastecimento da colônia e exportação, com utilização do trabalho escravo indígena ou africano. 
O processo de colonização dos espanhóis na América se diferenciou da colonização inglesa tanto na organização colonial, como nos objetivos econômicos e no próprio modelo de colonização, como podemos observar no esquema abaixo:

O esquema apresenta diferenças entre a colonização espanhola e inglesa na América.

A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NA AMÉRICA:

Em 1500 a expedição do português Pedro Álvares Cabral desembarcou na América onde hoje é o Brasil, precisamente em Porto Seguro. Muitos historiadores já comprovaram o conhecimento dos portugueses das terras brasileiras, tendo Pedro Álvares Cabral a missão de consolidar os domínios colônias portugueses definidos após o Tratado de Tordesilhas assinado em 1494.

Mapa apresenta os limites do Tratado de Tordesilhas assinado entre Espanha e Portugal para delimitar os domínios coloniais entre as duas potencias marítimas durante o século XV

Diferente dos espanhóis, os portugueses ao chegarem no Brasil encontraram com populações indígenas seminômades coletoras que não dominavam metais, mas possuíam um vasto conhecimento da rica fauna e flora das terras que habitavam. Com o lucro das especiarias vindas da Índia, inicialmente os portugueses realizaram expedições exploratórias e encontram o pau-brasil que possuía grande valor na Europa, o que levou a intensa exploração da árvore que servia como corante vermelho para tecidos. Todo trabalho era realizado com a mão de obra indígena através do trabalho compulsório sob a justificativa do escambo. Os indígenas extraíam o pau-brasil em troca de quinquilharias, ou seja, objetos por eles desconhecidos, tais como: espelhos quebrados, facas, panelas e etc.

Trabalho compulsório realizado por indígenas na extração de pau-brail. Ao fundo portugueses trocam o pau-brasil por quinquilharias.

O período inicial de colonização portuguesas no Brasil ficou conhecido como pré-colonial, sendo datado do ano de 1500-1530. Neste momento não houve a efetivação da colonização pelos portugueses. O Brasil se caracterizava como uma rota de abastecimento. Feitorias – armazéns que guardavam armas, alimentos e mercadorias; estavam espalhadas pela costa.Com esta política o Brasil sofria ameaças de invasões constantes de demais países que ficaram de fora do Tratado de Tordesilhas. Os franceses, interessados no pau-brasil e no domínio de novas terras tentaram invadir o Brasil em 1555 no Rio de Janeiro – França Antártica, e 1594 no Maranhão – França Equinocial.
A ameaça de invasões a colônia portuguesa na América determinou uma mudança de estratégia, o que levou a consolidação do modelo de exploração através da introdução do plantation para produção de açúcar, da divisão do território em capitanias hereditárias e do domínio exercido pelo exclusivismo colonial.
Em 1532 Martim Afonso de Sousa fundou a primeira vila de ocupação, instalou o primeiro engenho de açúcar, e explorou a costa em busca de metais preciosos. Diante do insucesso com os metais preciosos que não foi encontrado então a coroa decidiu pela implantação das capitanias hereditárias, dividindo o território em 15 capitanias que foram dadas a donatários como forma de ocupação das terras, defesa e produção de açúcar. As terras poderiam ser doadas como sesmarias, mas nunca vendidas. De todas as capitanias apenas duas prosperaram: Pernambuco e São Vicente.

O mapa acima apresenta a divisão do Brasil em capitanias hereditárias e os respectivos donatários.

É importante observar que a escolha pelo plantio de açúcar como economia monocultora esteve associado ao conhecimento do cultivo pelos portugueses nas colônias da África e pela grande lucratividade desta especiaria na Europa. No entanto, ficava sob a responsabilidade do donatário a instalação dos engenhos, a segurança da capitania e todo custo com a produção do açúcar. Este fator somado aos constates ataques indígenas a colonização portuguesa determinou o insucesso da maioria das capitanias.
Sob o trabalho escravo, os indígenas passaram a ser substituídos pelos africanos trazidos da África pelo lucrativo tráfico de escravos para trabalhar nos engenhos de açúcar. A Igreja passou a proibir a escravidão devido ao interesse de catequizar os indígenas como forma de minimizar a resistência e as guerras. A própria metrópole havia autorizado o decreto de guerras justas, autorizando os colonos a matar os indígenas em cão de invasão ou ataque, independente da tutela da Igreja. 
Pelo conhecimento dos indígenas do interior do território, muitos auxiliaram os portugueses no processo de interiorização que ocorreu com as bandeiras, pecuária e drogas do sertão. Mas essa já é outra história...

Iconografia retirada da obra de Gilberto Freire “Casa Grande e Senzala”, apresenta a organização dos engenhos no Brasil.

Imagem de Rugendas demonstra os africanos em condição de escravidão trabalhando nos engenhos. Acima os escravos estão moendo a cana de açúcar.

Texto escrito por Gabriela Maretti e Profa. Clarissa F. do Rêgo Barros

APROFUNDANDO OS ESTUDOS: QUESTÕES DE VESTIBULAR.

1) (Fatec) Dentre as características gerais do período pré-colonizador destaca-sea) o grande interesse pela terra, pois as comunidades primitivas do nosso litoral produziam excedentes comercializados pela burguesia mercantil portuguesa.
b) o extermínio de tribos e a escravização dos nativos, efeitos diretos da ocupação com base na grande lavoura.
c) a montagem de estabelecimentos provisórios em diferentes pontos da costa, onde eram amontoadas as toras de pau-brasil, para serem enviadas à Europa.
d) a distribuição de lotes de terras a fidalgos e funcionários do Estado português, copiando-se a experiência realizada em ilhas do Atlântico.
e) a implantação da agromanufatura açucareira, iniciada com construção do Engenho do Senhor Governador, em 1533, em São Vicente.

2) Sobre a colonização inglesa na América do Norte:

a) estabeleça sua conexão com os desdobramentos da Reforma Protestante da Inglaterra;

b) explique por que na região sul se originou uma organização socioeconômica diferente da do norte.

3) A mineração foi a atividade econômica mais importante da América Espanhola durante o período colonial. Múltiplos fatores condicionaram a formação e a decadência dos complexos mineradores do altiplano andino e do planalto mexicano. Assinale a modalidade de mão-de-obra que predominou nas minas de prata dos referidos complexos, durante os séculos XVI e XVII.
a) Indígena, submetida ao trabalho compulsório.
b) Negra, submetida ao trabalho escravo.
c) Européia, no regime de trabalho assalariado.
d) Indígena, adaptada ao trabalho livre.
e) Indígena, no regime de trabalho voluntário.
Gabarito


1- C
2- a) Com a Reforma Protestante teve inicio na Inglaterra uma guerra civil entre católicos e protestantes, o que determinou a imigração de protestantes para a América do Norte.
b) O norte optou por uma colonização de povoamento devido ao grande número de colonos protestante que queriam reconstruir a vida nas novas terras, enquanto no sul a colonização se caracterizou pela tipo de exploração que obedecia o modelo plantation de monocultura, latifúndio, escravidão e exportação.
3- A

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